domingo, 9 de agosto de 2009

Em nome da filha

De ti certo dia nasceu uma
Da flor perfume, do sol ardume
A cada ano o chegar de mais um
A última do sumo trouxe prumo

Uma jornada, sem ter nada
Um caminhar na longa estrada
Um buscar pra agasalhar
Uma missão, um despertar

De milho o arroz pra sustentar
Do pescar pro dia ao amanhecer
Na lâmina o coco a quebrantar
O mister da vida por vencer

Na roça o escaldar do dia a tinir
Na faca o grão, a vagem, a seiva
D`um filho um grito por comer
D`outro um ulo seco a engolir

Grão punhado a cada um
Sem ter caldo, sem regalo, só a pão
Isca e chibé, água de poço, até muçum
Muita vida, muita boca, sem pirão

Muita roça, muita luta, muita sorte
Três sem dó num ano só venceu a morte
Mas nove melhor sina segue forte destemor
Tem servidor, ter mercador, tem professor

De ti a vida, de ti a hora, de ti a força
D`um Cre de guerra, d`um Cre de raça
Dele a luz, dele a musa, dele a deusa
Os dois são, querendo ou não, nossa grandeza.

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