sábado, 6 de fevereiro de 2010

Gota a gota

Gota a gota
rompendo as barreiras do vento
vem a chuva
amamentar as bocas exaustas do chão
ajuntar as mãos calejadas dos justos
poro a poro
como pontos de luz clarear a esperança
animar o plantio prometendo a colheita
vem a chuva
rejuntar todos os sulcos da terra
e aplainar os egos da guerra mais desumana
da busca do pão nos tristes vãos do sertão
dos arcabouços humanos
crucificados da sede
tempos em tempos
vem a chuva
trazer o alívio mais esperado
como flocos e plumas nos pés calejados
pingando e molhando cada palmo de chão
quantos são
os corpos que tombam buscando uma mão
as bocas famintas clamando atenção
quanto importa
o ultraje insistente de toda essa gente
no planalto e palácios de toda a nação
ouvir sempre o refrão da repetição do não
sem redenção ou reclamação
sem questão
nem senão

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