quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O que fizemos hoje?

Menos um dia. E nele certamente trocamos nosso tempo por compromissos inadiáveis, por insatisfações banais, por melindres desnecessários... certamente elevamos ao patamar de problemas fatos simples, muitos deles desprezíveis.

Temos apenas um dia pra vivermos de cada vez e, ao final de mais um, será que conseguimos perceber que resta cada vez menos tempo para fazermos tudo que precisamos fazer?

São incontáveis as preocupações cotidianas – com o patrão, com o vizinho, com as dívidas, com as compras, com o banco...que nos esquecemos de nos questionar sobre o que nos é realmente o mais importante. E quando, por um instante, a consciência nos rouba a atenção para essa questão, abafamos rapidamente a resposta como se nos ameaçasse.

E hoje, fizemos o que precisava ser feito? Trocamos o dia que se foi por mais 24 horas de vida? Ou agimos mais uma vez como se tivéssemos um tempo inesgotável em estoque? Ou, como seres empedernidos, passamos mais um dia alheios à nossa própria condição, sem nos darmos conta da efemeridade do tempo e da essencialidade da vida?

Mares de perdão e gratidão existem em nós, mas não os expressamos. Lamentamos o tempo perdido, mas não nos damos conta do dia de hoje, nem de que o amanhã pode não existir.

Sempre correndo nos atropelamos uns aos outros e a nós mesmos. Não vivenciamos a arte, não lemos os livros, nem ouvimos as músicas que nos esperam pra enriquecer nosso espírito, alargar nossa mente e expandir nossa alma. Aceleramos tanto que não percebemos o fosso à nossa frente, esperando para sugar o tempo que nos foi presenteado pra viver e crescer.

Esperamos tempo demais pra percebermos a minuciosidade do em volta, pra oferecermos atenção, pra dedicarmos carinho, pra dizermos o que deve ser dito, pra expressarmos nossos verdadeiros sentimentos, pra descobrirmos o sentido da liberdade e pra vivenciarmos nossa humanidade.

Preferimos nos acomodar nos bastidores enquanto a vida nos oferece um imenso cenário e um papel principal pra desempenharmos num palco generoso. Tão generoso que esquecemos de sua finitude.

O que nos espera fora de nós mesmos? O que falta pra que possamos centrar sobre nós nossa própria observação? Quando é que nos deixaremos atingir por nossa própria generosidade?
Mais 24 horas de oportunidades magníficas se aproximam.
Até quando teremos tempo?

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