domingo, 29 de maio de 2016

Verdades


A verdade não muda de cara. Ainda que sob quilos de maquiagem, fartas pinceladas de verniz e embrulhada com papel de seda.
A verdade não assume os traços que lha quisermos dar.
Ela é sempre única.
Pode não estar na linha de frente. Às vezes se recusa ao primeiro olhar, à palavra dita, às intenções declaradas.
Recôndita, seu brilho pode ser resguardado da luz, sim, inclusive sob sorrisos esbranquiçados e olhares iluminados, carregados de amizade pífia.
E mesmo quando tentarmos, por covardia, insegurança, comodismo, medo ou vaidade, dar-lhe uma máscara matizada de preto e branco, ela estará lá, em seu pedestal, imutável, colorida de carmim.
Muitos tentarão dar-lhe lampejos de outra cor. Daquelas em que, não raro, preferimos enxergar.
A ingenuidade não a atenua. Aduba de breu todos os pontos de cor.
Faz-se escuro. Até que o tempo lhe traga à luz.

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