domingo, 13 de setembro de 2009

Renata morreu

Um susto
um baque surdo
um instante infinito
um grito interminável rompeu o silêncio
dissipou mil vozes, ressoou mil vezes
renata morreu
seu corpo estendido na esquina
achatado contra o asfalto jaz esquálido
rosto deformado, boca inerte, olhos esbugalhados
a cabeça aos pedaços esfacelada
sangue e cérebro espargem em densa lama na sarjeta
renata, vida em flor, alma em esplendor
indiferente ao clamor e à dor dos que deixou
a suportar tão triste e amarga sina
não lhe acudiu a fina estirpe
nem lhe serviu o riso franco encantador
não importou passado ditoso
muito menos futuro promissor
tampouco o presente iluminado
contra a rasteira impiedosa das rodas contaminadas
pela mente perniciosa dos que não ouviram
de tanto que se disse, de tudo que se sabe
dos reclamos midiáticos reiterados
do furor dos filhos desesperados
dos tantos órfãos dos pais deixados
e dos muitos pais desamparados dos seus filhos
alcançados pela negligência no prelúdio da empreitada
vítimas da imprudência nas vielas e estradas
o calar da tua voz e o silêncio do teu grito
oxalá ecoem renitentes junto às mentes indolentes
dos que insistem em arriscar, sem ter medo de matar
derribando sonhos, semeando o mal, plantando lágrimas
daqueles que fingem não ver ou preferem silenciar
ao clamor de tanta dor
ao sofrer sem saber porquê.

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